Mostrar mensagens com a etiqueta Alberto Caeiro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Alberto Caeiro. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O meu olhar é nítido como um girassol.


Tenho o costume de andar pelas estradas


Olhando para a direita e para a esquerda,


E de, vez em quando olhando para trás...


E o que vejo a cada momento


É aquilo que nunca antes eu tinha visto,


E eu sei dar por isso muito bem...


Sei ter o pasmo essencial


Que tem uma criança se, ao nascer,


Reparasse que nascera deveras...


Sinto-me nascido a cada momento


Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,


Porque o vejo. Mas não penso nele


Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele


(Pensar é estar doente dos olhos)


Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...


Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,


Mas porque a amo, e amo-a por isso,


Porque quem ama nunca sabe o que ama


Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...


Amar é a eterna inocência,


E a única inocência não pensar...

domingo, 4 de abril de 2010

A Criança que Pensa em Fadas

A CRIANÇA que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Contador de Visitas

free counter

Seguidores

ATRAVÉS DESTE BLOGUE OS PAIS PODERÃO ACOMPANHAR AS ACTIVIDADES PEDAGÓGICAS REALIZADAS PELOS SEUS EDUCANDOS.