terça-feira, 13 de julho de 2010

TEXTO RETIRADO DO BLOG TANAKA ORTHODONTICS

ONICOFAGIA: O Singular Hábito de Roer as Unhas.
TANAKA, Orlando. CD.,MO.

A onicofagia, onychophagria, onychophagy, ou hábito de roer as unhas é um dos hábitos mais comuns que se observa tanto em crianças como em adultos jovens.

A necessidade de roer e até comer as unhas está ligada a um estado psico-emocional de ansiedade. Quando uma criança rói as unhas, ela está manifestando um distúrbio evolutivo relacionado com a fase oral do desenvolvimento psicológico. Neste processo, as crianças atravessam fases distintas, porém, crianças com desenvolvimento normal, esta evolução não é normalmente acompanhada por qualquer problema mais sério. Na maioria das vezes, não ocorre antes dos três ou 4 anos de idade. A incidência aumenta entre os 4 a 6 anos de idade e permanece estável entre os 7 a 10 anos e aumenta, consideravelmente, durante a adolescência. Talvez porque neste período, quase que por uma determinação biológica, é uma fase de crise. Experimenta-se um maremoto emocional que persegue os indivíduos que se encontram com um pé na estrada da infância e outro na idade adulta. Para as maioria dos adolescentes o salto é difícil e até traumático.

Daí, advindo, alguns hábitos. E, roer unhas é um deles, além de ser um reflexo de ansiedade e portanto agravado nas ocasiões de tensão, o hábito de roer unhas é considerado como reflexo de desajustes emocionais, embora não seja considerada um importante sintoma psiquiátrico. A incidência diminui após os 16 anos de idade. Portanto, considerado normal entre as idades de 4 a 18 anos, devido a sua alta prevalência nesta faixa etária.

A onicofagia segue uma sequência de quatro posturas distintas, quais sejam: a) posicionar a mão próximo à boca e permanecer cerca de alguns segundos a meio minuto; b) promover pancadinhas rápidas com os dedos sobre os dentes anteriores; c) sequência rápida e espasmódica de mordida nas unhas com os dedos firmemente pressionados contra as superfícies incisais dos dentes anteriores; d) remoção do dedo da cavidade oral, quando o dedo é inspecionado visualmente ou apalpado. Durante toda a sequência, a expressão facial é séria. Se sente-se observado, repentinamente, interrompe o ato de onicofagia. E, isto pode ser um sintoma de complexo de culpa. Porém, os onicofágos inveterados têm dificuldade em interromper o ato, mesmo que observado e até ridicularizado.

A causa básica da onicofagia é difícil de ser determinada. Embora pessoas que roem unhas apresentem mais ansiedade que os não roedores, nenhuma diferença significativa em relacionar a onicofagia à ansiedade. Outros citam a tendência familiar devido, provavelmente, ao ato de imitação.

De maneira geral, a onicofagia não é um hábito preocupante e, se não estimulado, tende a desaparecer espontaneamente. Por outro lado, se estiver associado a outros problemas, o quadro é mais complexo e requer ajuda especializada. Nesse sentido, se ao roer as unhas a criança as engole, complicações estomacais poderão ser ocasionadas e existe ainda a importância higiênica, pois dificilmente as unhas estão limpas e muitas doenças poderão ser desta maneira, transmitidas. Sugere-se que a onicofagia é a transferência do hábito de sucção do polegar baseado no fato que este hábito tende a desaparecer durante o terceiro ano de vida, enquanto a onicofagia começa nesta época.

A maioria das pessoas roem suas unhas nos momentos de tensão. Crianças roem suas unhas nos momentos de angustia, quando estão temerosos por não ter estudado devidamente a lição escolar, quando lêem ou ouvem história de terror ou horror ou quando é forçado a ir para a cama à noite.

A onicofagia é, geralmente, substituída após a adolescência por hábito de mordiscar o lábio, morder lápis e outros objetos, coçar o nariz, enrolar o cabelo. Nos adultos o hábito de fumar e/ou mascar chicletes é o substituto mais comum, pois são maneiras ou métodos sociais aceitáveis e de gratificação oral. Na realidade podem ser considerados boas maneiras de transferência do hábito de onicofagia.

As crianças que apresentam o hábito de roer unhas podem desenvolver maloclusão nos dentes anteriores. A reabsorção radicular apical é um dos mais comuns e indesejáveis efeitos colaterais do tratamento ortodôntico, particularmente, nos incisivos centrais superiores. A onicofagia crônica pode acelerar a reabsorção, mesmo em ausência do tratamento ortodôntico. Exames clínicos nos “onicófagos” podem apresentar apinhamentos, giroversões e atrições nas bordas incisais dos incisivos inferiores, labioversão de incisivos superiores. Tais maloclusões são devidos a pressões introduzidas durante o ato da onicofagia.

Acredita-se, no entanto, que não existe maloclusão específica associada à onicofagia e, as referências são muito vagas e sem evidências clínicas ou estatísticas que provem que a onicofagia causa maloclusão, e não deve ser considerada causa primária de desajustes oclusais. Nestas situações, a solução quanto ao hábito de roer a unhas parece ser mais difícil do que a correção da eventual maloclusão ocasionada. O vigoroso e contínuo ato de roer as unhas causou destruição alveolar na região dos dentes envolvidos, porém, a falta de evidências científicas na literatura, assim como as observações pessoais indicam que a onicofagia rotineira não tem efeitos danosos sobre a dentição.

O importante é não reprimir o hábito e não castigar a criança, pois se a mesma perceber que, por meio do hábito, consegue chamar a atenção dos pais cada vez que coloca a mão na boca, certamente o fará mais e mais vezes, pois passa a ser o centro das atenções. A repressão, nestes casos, funciona como um “pedido” para que a criança fixar o hábito e não eliminá-lo. Da mesma maneira, a contradição, bem como a insistência sobre um mesmo assunto, como no caso de pais que fumam ou bebem e insistem para o filho abandonar um determinado hábito, dizendo que isso ou aquilo faz mal à saúde, devem ser evitados.

Na onicofagia como em qualquer hábito bucal, os seguintes critérios devem ser usados: idade do onicófago, intensidade, freqüência da ação, situação em que ocorre e situação emocional.

Para a remoção de qualquer hábito, a motivação deve partir do paciente. O mesmo deve estar conscientizado sobre a necessidade de abandonar o hábito e o papel do profissional deve ser incentivado, além de propor sugestões que auxiliem no processo de superação do vício. A supressão severa e/ou brusca leva a desenvolver alterações na personalidade.

Alguns abandonam espontaneamente a onicofagia por temor à inflamações e infecções, outros por imitação de amigos, irmãs que têm cuidados em manter as unhas bem cuidadas .

Nos casos suaves de onicofagia, geralmente, não é indicado qualquer tratamento. Nos casos severos, o tratamento a ser instituído deve ser a remoção dos fatores emocionais que levam ao hábito (situação de excitamento, super estimulação, infelicidade e ócio ou falta do que fazer), uma vez que na maioria dos casos, a única medida necessária é um pouco mais de atenção, afeto e compreensão. Atividades aeróbicas externas que demandam grande esforço físico (skate, correr, jogar bola),são recomendados, pois funcionam como liberadores de tensão.

A punição verbal ou física, pode conduzir os onicófagos a conflitos sociais e a sentimento de culpa. Em última instância, a educação dos pais pode ser o melhor tratamento para estas casos.

Quando o hábito cessa precocemente, a eventual maloclusão causada, geralmente, é revertida sem a necessidade de qualquer tratamento. No entanto a ausência do hábito não é garantia de correção da maloclusão. Geralmente, a correção é frequentemente, um fator de auxílio na redução do hábito.

Artifícios como a adição de pimenta ou outra substância que modifica o paladar no momento de roer unhas, na ilusão de solucionar o hábito, são procedimentos arcaicos, que não funcionam e, geralmente, provocam mais tensão naqueles que, na verdade, devem ser acalmados. Portanto, são métodos indesejáveis e até prejudiciais. Porém, o uso de óleo de oliva sobre as unhas tornando-as mole e macias pode inibir as crianças às tentações de roê-las e picotá-las com os dentes.

Manter sempre as unhas bem cortadas é mais uma atitude útil, evitando que pontas mal aparadas sirvam como tentação para o roedor. Portanto, recursos como lixar, polir e pintar as unhas das meninas em uma manicure, não pessoas da família, “cara e sofisticada” pode ter efeito positivo e surpreendente. Por outro lado, os meninos podem cobrir os dedos com uma bandagem e, seu amigos entender que tal “curativo” é para tratamento de injúrias e não para a onicofagia.

Por outro lado, uma alternativa eficiente para ajudar o paciente a superar o problema pode ser a de pedir para utilizar o mordedor de borracha toda vez que sentir vontade de roer unha ou quando o mesmo identificar momentos em que se encontra mais ansiosos (assistindo a filmes, TV, jogo de futebol, basquete, tensão pré-exames, etc), evitando, desta forma, a liberação das tensões por meio do vício. Mascar chiclete sem açúcar, desde que não compulsivamente, também, pode ser uma forma de manter a boca ocupada, tonando difícil, ou até impossível, a realização do hábito.

À medida que o paciente vai se habituando a substituir a unha pelo mordedor ou o chiclete, o profissional deve solicitar que o paciente deixe a unha de um dedo crescer. As unhas dos demais dedos ficam liberadas, caso persista a vontade de roê-las. Depois disto, o número de unhas intactas deve ser aumentado gradualmente.

Ocupar as mão do indivíduo com outra atividade, como por exemplo com trabalhos manuais ou instrumentos, é também uma boa indicação e, na maioria das vezes, é bastante eficaz, pois assim o mesmo dificilmente estará com as mãos na boca.

Outro importante aliado na luta contra o hábito é o convívio familiar, tão massacrado pelo trabalho e a agitação do mundo moderno. Nos momentos de maior intimidade familiar, no aconchego do lar ou mesmo fora dele, as ansiedades e tensões podem ser mais facilmente liberadas e portanto tais situações devem ser cada vez mais preservadas. Do ponto de vista geral o melhor método de manejar com os onicófagos é pela educação da criança, no sentido de estimular o bom hábito e a conscientização, para se assegurar resultados eficazes, eficientes e efetivos, uma vez que não se conhece outro meio mais eficiente, inteligente e satisfatório de se remover tal hábito.

Ainda hoje é considerado um dos problemas insolúveis na área da medicina e da odontologia. É difícil analisar e diferenciar o que é normal ou anormal em onicofagia, e a normalidade ou anormalidade do onicófago. Porém, não quer dizer que o normal não necessariamente implica que é ideal ou desejável. Todas as crianças estão sujeitas ao bombardeio de isto pode ou isto não pode e vive num meio de frequentes frustrações que, inevitavelmente, criam ou geram tensões. Quando estas tensões e frustrações são brandas, a criança absorve e assimila-as, adaptando-se a estes fatores ambientais, resultando em uma situação de normalidade.

Do exposto pode-se concluir que, na presença de onicofagia, o que importa, fundamentalmente, é descobrir e combater o que está gerando a ansiedade e a tensão, pois, desta maneira, estar-se-á atacando as verdadeiras causas do problema, em vez de remediar indefinidamente suas meras conseqüências.

Se você conhece alguma "técnica científica ", simpatias ou truques para motivar alguém a parar de roer as unhas, envie-me um e-mail.

Grande abraço. Muito obrigado.

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